Os Estados Unidos intensificaram suas ações contra supostas tentativas russas de interferir nas eleições presidenciais de 2024. Entre as medidas anunciadas, está a acusação de dois funcionários da RT, veículo de mídia estatal da Rússia, que teriam financiado secretamente uma empresa de mídia nos EUA para promover divisões políticas no país.
Indiciamento e Acusações
O Departamento de Justiça dos EUA revelou uma acusação na quarta-feira, alegando que dois funcionários da RT, Kostiantyn Kalashnikov e Elena Afanasyeva, usaram empresas de fachada e identidades falsas para transferir US$ 10 milhões a uma empresa de mídia sediada no Tennessee. Essa operação, segundo a acusação, fazia parte de uma estratégia de influência controlada diretamente por Moscou.
Violações e Conspiração
Kalashnikov e Afanasyeva enfrentam acusações de conspiração para lavagem de dinheiro e conspiração para violar a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA), que exige que indivíduos representando interesses estrangeiros divulguem suas relações com governos estrangeiros. Segundo o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, essa campanha de influência tinha como alvo o público americano, disseminando mensagens ocultas do governo russo.
Propaganda Escondida
Garland destacou que a empresa em questão não revelou a seus influenciadores — ou a seus milhões de seguidores — sua ligação com a RT e o governo russo. Em vez disso, os acusados afirmavam que a empresa era financiada por um investidor privado, que na verdade era uma figura fictícia. Ele enfatizou que os EUA não tolerariam tentativas de regimes autoritários de manipular o livre intercâmbio de ideias no país para promover sua própria propaganda.
Mídia Baseada no Tennessee
Embora o Departamento de Justiça não tenha identificado diretamente a empresa de mídia no Tennessee, a descrição incluída na acusação sugere que se trata da Tenet Media, uma rede de influenciadores conhecida por suas opiniões de direita, que inclui personalidades como Dave Rubin, Tim Pool, Lauren Southern e Benny Johnson.
Reações dos Influenciadores
Nenhum representante da Tenet Media ou da RT comentou imediatamente o caso. Contudo, alguns dos influenciadores envolvidos reagiram. Rubin afirmou que ele e outros foram vítimas desse esquema, desconhecendo completamente qualquer atividade fraudulenta. Johnson, por sua vez, disse estar perturbado com as acusações e que seus advogados lidariam com qualquer sugestão contrária. Pool declarou que, se as alegações forem verdadeiras, ele foi enganado, garantindo que sempre manteve controle editorial total sobre seu conteúdo.
Sequestro de Domínios Russos
Além das acusações, autoridades americanas apreenderam 32 domínios de internet que teriam sido usados em campanhas de influência maligna lideradas pela Rússia. O FBI revelou que esses sites tinham o objetivo de enganar americanos, levando-os a consumir propaganda russa disfarçada. Christopher Wray, diretor do FBI, afirmou que essa apreensão envia uma mensagem clara sobre as tentativas de interferência da Rússia nas eleições americanas.
Interferências Eleitorais em Anos Anteriores
Acusações de interferência estrangeira em eleições dos EUA não são novidade. Autoridades americanas já acusaram governos estrangeiros, incluindo Moscou, de tentativas de influenciar os resultados eleitorais em 2016 e 2020. As investigações apontam que a Rússia buscou favorecer Donald Trump nas eleições presidenciais de 2016.
Outros Países Envolvidos
Além da Rússia, o Irã e a China também foram citados como atores estrangeiros tentando influenciar as eleições americanas. Em maio deste ano, a Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, nomeou esses três países como os maiores “atores estrangeiros” envolvidos em tentativas de interferência.
Ciberataques Iranianos
No mês passado, agências de inteligência dos EUA também acusaram o Irã de realizar ciberataques contra as campanhas presidenciais de Kamala Harris, candidata democrata, e Donald Trump, candidato republicano. Essa situação expôs a vulnerabilidade do sistema eleitoral americano a influências externas.
Interferência Russa nas Eleições de 2016
Em 2018, promotores americanos indiciaram 13 cidadãos e entidades russas por interferência nas eleições de 2016. Essas ações foram descritas como parte de uma estratégia para beneficiar a candidatura de Donald Trump, consolidando a ideia de que a Rússia tem sido um jogador ativo nas tentativas de influenciar a política dos EUA.
Ação Contínua Contra Interferências
O governo dos EUA continua monitorando de perto qualquer tentativa de interferência estrangeira, principalmente à medida que as eleições de 2024 se aproximam. Autoridades americanas reiteram que não hesitarão em agir para proteger o processo democrático de influências externas.
Resumo para quem está com pressa:
- EUA acusam dois funcionários da RT de financiarem secretamente mídia americana para influenciar eleições.
- Os funcionários teriam enviado US$ 10 milhões para uma empresa no Tennessee, promovendo divisões políticas.
- Influenciadores como Dave Rubin e Tim Pool alegam ser vítimas da campanha, sem saber de sua origem russa.
- O FBI apreendeu 32 domínios usados pela Rússia para propaganda eleitoral nos EUA.
- Além da Rússia, Irã e China também são acusados de interferir nas eleições americanas.
- Em 2016, a Rússia já havia sido acusada de tentar beneficiar Donald Trump na eleição presidencial.