Em 2024, as vendas de carros elétricos e híbridos novos cresceram bastante no Brasil, especialmente por causa dos preços competitivos das montadoras chinesas. Mas se você está pensando em comprar um desses carros novos, talvez deva repensar. Vender um elétrico ou híbrido usado pode ser muito complicado.
Um estudo da InstaCarro mostrou que os carros elétricos e híbridos usados estão sendo vendidos por até 16% menos que carros a combustão e até 30% abaixo da Tabela Fipe.
Por exemplo, um Toyota Prius 2018 está sendo vendido por apenas 69,5% do valor da Fipe, enquanto um Hyundai HB20 2022 chega a 86% do preço de mercado.
Por que isso acontece?
A desvalorização acontece por várias razões, mas principalmente porque as pessoas ainda têm muitas dúvidas sobre os veículos elétricos e híbridos.
A durabilidade e o custo de manutenção do sistema elétrico são grandes preocupações. Trocar a bateria de um carro elétrico, por exemplo, pode ser muito caro. Além disso, a falta de infraestrutura de suporte e a incerteza sobre a vida útil desses sistemas deixam os consumidores e lojistas desconfiados.
Essa desconfiança é o motivo pelo qual o empresário José Eduardo Affonso não trocou seu Caoa Chery Tiggo 5 por um modelo eletrificado. Ele já teve um Ford Fusion Hybrid 2014, mas acha que um carro elétrico puro não vale a pena por causa da revenda.
Carros elétricos e híbridos usados têm preços tentadores
Em concessionárias como a Carrera, é possível encontrar anúncios de carros elétricos e híbridos com preços bem atraentes. Na última sexta-feira (28/6), havia oito veículos dessas marcas, e sete deles estavam abaixo da Fipe.
No site OLX, encontramos 960 veículos elétricos e híbridos fabricados entre 2022 e 2024, muitos com preços até R$ 13 mil abaixo do mercado.
Luca Cafici, CEO da InstaCarro, compara a compra de um carro elétrico ou híbrido usado à compra de um celular usado sem saber o estado da bateria. Sem equipamentos específicos, é difícil saber como está o sistema elétrico desses carros. Isso, junto com o alto custo de substituição ou reparo, faz com que esses carros não vendam tão bem quanto os modelos a combustão.
Além disso, vale lembrar que a sustentabilidade dos carros elétricos é questionável. Mais de 80% da energia elétrica da China, por exemplo, vem do carvão, que é altamente poluente. E a produção de baterias também tem um impacto ambiental significativo.
Apesar de todas essas preocupações, Cafici acredita que é possível encontrar carros elétricos e híbridos em bom estado. Mas, para que eles se tornem uma opção viável no mercado de usados, é preciso que haja mais infraestrutura de recarga e que o mercado amadureça, dissipando dúvidas e preconceitos dos consumidores.