O renomado historiador, filósofo e escritor Yuval Noah Harari, doutor por Oxford, lançou recentemente o livro “Nexus — Uma Breve História das Redes de Informação: Da Idade da Pedra à Inteligência Artificial”, publicado pela Companhia das Letras. Com 504 páginas, o livro já alcançou o status de best-seller pouco tempo após seu lançamento, evidenciando o impacto de suas ideias no público. A obra explora a evolução das redes de informação ao longo da história, culminando nos desafios trazidos pela inteligência artificial.
Harari: Um Historiador do Passado, Presente e Futuro
Apesar de ser um historiador de formação, Yuval Noah Harari se destaca por sua capacidade de analisar questões contemporâneas e projetar futuros possíveis. Seu pensamento muitas vezes assume um caráter especulativo, semelhante ao de filósofos, o que o coloca em uma posição distinta dentro da historiografia. Ao explorar temas como a inteligência artificial, Harari provoca reflexões profundas sobre as implicações dessas tecnologias para a humanidade.
O Impacto das Redes de Informação na Sociedade Moderna
Em seu livro, Harari destaca como as redes de informação têm moldado a sociedade desde os tempos pré-históricos até a era da inteligência artificial. Ele observa que, embora a quantidade de informações disponíveis seja maior do que nunca, a qualidade das interações humanas tem diminuído. Harari enfatiza que, embora tenhamos ferramentas tecnológicas extremamente avançadas, estamos perdendo a habilidade de dialogar de maneira significativa.
A Democracia e o Papel da Informação
Segundo Yuval Noah Harari, a qualidade da democracia global está sendo ameaçada pela maneira como a informação é disseminada. Ele argumenta que a proliferação de informações inadequadas está prejudicando as democracias, minando a capacidade das pessoas de tomarem decisões informadas. No entanto, Harari acredita que, mesmo diante desses desafios, a democracia ainda tem uma capacidade notável de resistir às pressões internas e externas.
Críticas à Falta de Perspectiva em Conflitos Globais
Ao abordar o tema das guerras, Harari faz observações contundentes, sem mencionar especificamente conflitos como a guerra na Ucrânia ou a destruição causada por Israel em Gaza e no Líbano. Embora ele seja israelense, Harari é criticado por não se posicionar diretamente sobre as ações militares de seu país. Isso gera debates sobre o papel de figuras públicas na análise de conflitos internacionais.
Informação Versus Conhecimento: A Diferenciação de Harari
Um dos pontos centrais do novo livro de Yuval Noah Harari é a distinção entre informação e conhecimento. Para ele, grande parte da informação que circula hoje é irrelevante ou prejudicial, o que sobrecarrega nossas mentes e sociedades. Ele ressalta a importância de uma “dieta de informação”, onde o conhecimento verdadeiro, que é raro e valioso, seja priorizado sobre o excesso de dados inúteis.
A Invasão Tecnológica e o Controle pelas Big Techs
Em sua análise sobre o impacto da tecnologia, Harari faz uma conexão com o conceito de vigilância constante, similar ao Grande Irmão, de George Orwell. Ele sugere que as big techs têm um papel predominante nesse cenário, utilizando algoritmos e dados para controlar vastas áreas da vida humana. A preocupação de Harari é que essas empresas precisam ser reguladas, mas de maneira descentralizada, envolvendo governos, ONGs e outras entidades.
A Inteligência Artificial: Aliada ou Ameaça?
A inteligência artificial é descrita por Harari como a tecnologia mais poderosa já criada, pois é a primeira capaz de tomar decisões de forma autônoma. Ele alerta para os riscos que essa autonomia pode representar, especialmente se a IA for usada para criar novas armas ou para tomar decisões sobre o futuro da humanidade. Harari vê essa tecnologia como uma ferramenta dupla: enquanto tem grande potencial para benefícios, especialmente na área da saúde, também pode representar ameaças existenciais.
IA: Um Agente Autônomo?
Yuval Noah Harari enfatiza que a inteligência artificial não deve ser vista apenas como uma ferramenta controlada por humanos. Para ele, a IA se comporta como um agente autônomo, capaz de criar inovações que os próprios criadores humanos não poderiam prever. Isso gera questionamentos sobre até que ponto a humanidade pode controlar essas tecnologias e sobre as consequências de delegar tanto poder a máquinas inteligentes.
O Papel das Instituições Reguladoras
Para Harari, a única maneira de evitar que a inteligência artificial se torne uma ameaça descontrolada é por meio da criação de instituições regulatórias fortes. Ele sugere que essas instituições devem ser capazes de identificar e mitigar problemas rapidamente, e que devem ser financiadas por impostos sobre os lucros das gigantes da tecnologia. Esse controle seria fundamental para garantir que a tecnologia seja usada de maneira ética e segura.
Tecnologia e o Controle sobre a Sociedade
Harari faz paralelos entre o uso da inteligência artificial e os antigos sistemas de vigilância, como o da Stasi na Alemanha Oriental. Ele observa que, no passado, esses sistemas não tinham tecnologia suficiente para monitorar todos os cidadãos de forma eficaz. No entanto, com o avanço da IA, governos e ditadores podem adquirir ferramentas para um controle total, o que representa uma ameaça séria às liberdades individuais.
O Futuro da Inteligência Artificial e as Big Techs
Conforme a inteligência artificial evolui, Yuval Noah Harari destaca a importância de enfrentar o poder excessivo das big techs. Ele acredita que, com regulamentação e o fortalecimento de instituições, a sociedade poderá controlar os impactos da tecnologia e evitar que ela seja usada de forma prejudicial. No entanto, ele adverte que a humanidade deve agir rapidamente para evitar um cenário de vigilância total e perda de controle.
Resumo para quem está com pressa:
- Yuval Noah Harari, doutor por Oxford, lançou o livro “Nexus”, abordando a história das redes de informação até a era da inteligência artificial.
- Harari faz uma distinção crucial entre informação e conhecimento, alertando sobre o excesso de dados irrelevantes.
- Ele critica o impacto negativo das big techs e pede uma regulamentação descentralizada do setor.
- A inteligência artificial é vista como uma tecnologia poderosa, com potencial tanto para o bem quanto para o mal.
- Harari alerta que a IA se comporta como um agente autônomo, capaz de tomar decisões independentes.
- Para Harari, é essencial criar instituições regulatórias para conter o poder da inteligência artificial e das big techs.