O escândalo envolvendo Jeffrey Epstein voltou a atormentar Donald Trump e seus apoiadores mais fiéis, reacendendo tensões dentro do movimento MAGA. A recente divulgação de documentos oficiais pelo Departamento de Justiça, confirmando que não existe uma “lista secreta” de clientes e que Epstein realmente cometeu suicídio em 2019, caiu como uma bomba entre os seguidores do ex-presidente. Durante anos, a base trumpista alimentou teorias conspiratórias que apontavam para um suposto encobrimento das elites democratas, esperando revelações que abalariam Washington. Agora, com a narrativa oficial contradizendo essas expectativas, muitos sentem-se traídos e acusam o próprio Trump de adotar o mesmo discurso das instituições que ele dizia combater.
A tensão se agravou quando Trump, em aparições públicas, passou a desqualificar aqueles que continuam insistindo na existência de conspirações envolvendo Epstein, chamando-os de “weaklings”, ou fracos. A ruptura é profunda: parte da base considera que o ex-presidente abandonou uma das bandeiras que os unia, enquanto Trump vê o tema como um desgaste desnecessário, que só alimenta uma agenda de seus adversários políticos. Essa divisão vem se refletindo em manifestações cada vez mais ruidosas de figuras importantes do movimento, como Marjorie Taylor Greene e Steve Bannon, que criticaram abertamente a mudança de postura.
O mal-estar se intensificou com a divulgação de um polêmico “livro de aniversário” de Epstein, contendo mensagens de várias figuras públicas e, supostamente, um desenho enviado por Trump, retratando uma mulher nua. O ex-presidente negou autoria e moveu processo contra o Wall Street Journal, mas a polêmica reforçou as ligações incômodas entre os dois. Além disso, documentos ainda não divulgados do caso mencionam o nome de Trump, alimentando especulações sobre até que ponto sua relação com Epstein foi além de encontros sociais.
Para analistas políticos, o caso representa uma ameaça direta à autoridade moral de Trump. O líder que por anos acusou seus oponentes de encobrir verdades inconvenientes agora é acusado de agir da mesma forma, minando a confiança de uma base que sempre exigiu transparência absoluta. O desgaste tem implicações eleitorais: parte do eleitorado ultraconservador, central para sua estratégia, começa a questionar se vale a pena continuar sustentando sua candidatura diante do que consideram uma “traição ideológica”.
No coração do problema está a natureza do próprio movimento MAGA, nascido da desconfiança contra o establishment e alimentado por teorias conspiratórias. Com o caso Epstein, Trump enfrenta um dilema: ignorar o tema aprofunda a sensação de traição, mas dar-lhe mais atenção pode trazer à tona detalhes que ele prefere manter enterrados. Enquanto isso, o fantasma de Epstein continua a pairar sobre a campanha, ameaçando fraturar um dos movimentos políticos mais coesos e barulhentos da história recente dos Estados Unidos.